Vendas no varejo registram queda de 1,6% em março no Brasil, diz levantamento

As vendas no varejo brasileiro registraram recuo de 1,6% em março, o que corresponde a uma queda de 1,8% em comparação ao mesmo período do ano passado. Os dados são do Índice do Varejo Stone (IVS), elaborado mensalmente com base nas movimentações com cartões, vouchers e Pix dentro do grupo StoneCo.
Matheus Calvelli, pesquisador econômico e cientista de dados da empresa, pontua que o cenário pode estar relacionado com a desaceleração sentida no mercado de trabalho, principalmente no setor informal.
"O mercado de trabalho, ainda que robusto, registrou uma nova alta no desemprego, e o comprometimento da renda das famílias com o serviço da dívida também teve aumento. Essa situação pressiona o orçamento doméstico, já bastante impactado pela persistente inflação. A redução da renda disponível das famílias tende a afetar o consumo, refletindo nos resultados do varejo", afirma.
Ao contrário do cenário de fevereiro, o comércio digital apresentou queda de 12,9% e o físico teve baixa de 0,1%. No comparativo anual, a modalidade digital também retraiu 13,1%, enquanto o físico seguiu na mesma linha, com queda de 2,8%.
Segmentos
Quanto aos segmentos avaliados no levantamento, apenas o setor Hipermercados, Supermercados, Produtos Alimentícios, Bebidas e Fumo registrou alta, com 2,2%. Apesar do crescimento, o especialista aponta que o resultado é negativo comparado ao ano passado, pois fechou o trimestre com uma queda acumulada de 0,1% em relação ao acumulado do último trimestre de 2024.
"Com a pressão sobre o orçamento doméstico, as famílias estão priorizando gastos com consumo de produtos essenciais, como é o caso dos alimentos", diz.
Os demais segmentos analisados tiveram retração, entre eles Material de Construção (- 5,5%), Tecidos, Vestuário e Calçados (- 3,4%), Móveis e Eletrodomésticos (- 2,7%), Outros Artigos de Uso Pessoal e Doméstico (- 2%), Artigos Farmacêuticos (- 1,9%), Livros, Jornais, Revistas e Papelaria (- 0,3%) e Combustíveis e Lubrificantes (- 0,1%).
"Ainda que não possamos ser assertivos sobre o que ocasionou a queda expressiva do comércio digital, é plausível supor que o varejo digital seja mais suscetível aos choques de demanda, apresentando uma resposta mais intensa à desaceleração do consumo", comenta.
Já no comparativo anual, o segmento de Material de Construção teve o melhor desempenho, com alta de 3,2%, seguido por Combustíveis e Lubrificantes, que cresceu 2,3%. Os demais setores registraram queda: Livros, Jornais, Revistas e Papelaria (- 13,6%), Móveis e Eletrodomésticos (- 8,8%), Tecidos, Vestuário e Calçados (- 3,9%), Artigos Farmacêuticos (- 3,5%), Outros Artigos de Uso Pessoal e Doméstico (- 3,2%) e Hipermercados, Supermercados, Produtos Alimentícios, Bebidas e Fumo (- 1,3%).
Análise regional
No contexto regional, sete estados apresentaram crescimento no comparativo anual. O Acre lidera a lista, com alta de 2,1%, seguido do Pará, com 1,7%, Goiás (1%), Roraima (0,8%), Piauí (0,6%), Sergipe (0,5%) e Amazonas (0,3%).
"Os resultados regionais deste mês apresentaram uma manutenção do quadro apresentado no mês anterior. De forma geral, a análise regional reforça a leitura de desaceleração do volume de vendas do varejo como um todo."
Já entre os estados com resultados negativos estão: Rio Grande do Sul (- 8,2%), Rondônia (- 5,5%), Rio Grande do Norte (- 5,2%), Mato Grosso do Sul (- 4,8%), Pernambuco (- 3,7%), Santa Catarina (- 3,4%), Distrito Federal e Paraná (- 2,9%), Bahia (- 2,7%), Ceará (- 2,4%), Minas Gerais (- 2,2%), Tocantins (- 2%), Espírito Santo e Alagoas (- 1,7%), Mato Grosso e São Paulo (- 1,4%), Paraíba (- 0,5%) e Amapá (- 0,4%). O estado do Maranhão foi o único que reportou estabilidade, com 0,0%.
Mesmo com retrações, empreendedor está otimista
Com foco nos empreendedores do Brasil, a Stone lançou uma versão simplificada do IVS voltada para esse público. Outra novidade é o resultado de uma pesquisa inédita, realizada em fevereiro de 2025, que mostra que 69% dos donos de negócio estão otimistas em relação ao futuro da própria empresa, enquanto 28% se dizem neutros e apenas 3% demonstram pessimismo.
"Os dados reforçam o cenário de confiança no varejo e a importância de oferecer informações acessíveis e relevantes para apoiar a tomada de decisão no dia a dia do empreendedor", diz Rodolfo Luz, diretor de marketing.
De acordo com a Stone, a iniciativa visa auxiliar e facilitar o processo de tomada de decisões dos empreendedores com base nos dados relacionados ao varejo no país. O projeto ainda inclui o lançamento de um dashboard interativo, integrado ao seu hub de conteúdo, permitindo uma análise personalizada.
Fonte: Pequenas Empresas & Grandes Negócios