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Como escolher um sócio?

“Empreender é um ato solitário”. Essa é uma frase bem comum entre os empreendedores que, em geral, não têm com quem compartilhar dúvidas, angústias e tomadas de decisão. Mesmo aqueles que possuem funcionários, muitas vezes, não conseguem compartilhar algumas questões com eles. Dessa situação, muitas vezes, vêm as perguntas: “E se eu arrumar um sócio? Como escolher essa pessoa?”.

Esse questionamento é frequente e faz sentido. Porque é comum que o empreendedor seja mais forte em algumas áreas e menos em outras. Ter um sócio pode trazer complemento de habilidades que o negócio precisa. No livro “O Mito do Empreendedor” (Editora Fundamento), de Michael E. Gerber, o autor fala sobre a importância de reunir diferentes perfis em uma sociedade. De acordo com Gerber, ela deve ser formada pelo empreendedor que sonha, cria e busca oportunidades; o técnico que olha o presente, resolve e executa; e o administrador que é o racional e gerencia o negócio de maneira orgânica.

A sugestão de mix ideal de habilidades, no mínimo, provoca os empreendedores a pensarem na possibilidade de ter um sócio. No entanto, para colocar esse plano em prática, é bom ter claro o que significa: “Sócios são pessoas físicas ou jurídicas que compartilham um negócio, dividindo também responsabilidades, obrigações, além de, claro, riscos, lucros, e eventuais prejuízos”, afirma Fernanda Rissi Ferla, advogada e sócia da Feijó Lopes Advogados.

Antes de decidir por ter um sócio é importante considerar alguns pontos, segundo Fábio Krieger, gerente de Acesso a Mercados do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). “É fundamental avaliar se você está preparado para trabalhar em equipe, dividir responsabilidades e confiar em outra pessoa para tomar decisões estratégicas. Ter um sócio significa compartilhar também os desafios do negócio”, aponta.

Vale, ainda, refletir sobre o seu negócio – e para isso é necessário conhecê-lo profundamente – e entender se o momento da empresa comporta a entrada de um sócio.

Vários caminhos levam a uma sociedade
A decisão de buscar um sócio deve ser planejada com muito cuidado, uma vez que terá impacto direto na gestão e no futuro da empresa. Krieger lista alguns tópicos estratégicos que motivam essa escolha:

Necessidade de capital: quando a empresa precisa de investimento para crescer, expandir operações ou desenvolver novos produtos e serviços e um sócio pode aportar recursos financeiros essenciais;
Complementação de habilidades: se o empreendedor não domina todas as áreas do negócio, um sócio com expertise complementar pode agregar conhecimentos em gestão, tecnologia, marketing, vendas ou finanças, por exemplo;
Excesso de demandas sobre o fundador: se a sobrecarga de trabalho compromete a eficiência da empresa, dividir funções com um sócio vai permitir uma gestão mais equilibrada;
Maior rede de contatos: um sócio com boas conexões pode abrir portas para parcerias estratégicas, novos clientes e outras oportunidades de negócios;
Risco financeiro elevado: quando o empreendedor assume sozinho todos os riscos do negócio, um sócio pode ajudar a dividir essa responsabilidade e garantir maior segurança financeira.

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Para se decidir por uma sociedade é preciso se certificar de que os sócios têm planos semelhantes para a empresa, ainda que a maneira como cada um pretende executá-los possa ser diferente. “Um alinhamento de interesses, de objetivos e de cultura é essencial”, acredita Fernanda Rissi Ferla.

Ela destaca, ainda, que o empreendedor deve fazer um exercício de se imaginar compartilhando a empresa com aquela pessoa. Porque muitas vezes o dono/fundador não está pronto para dividir atividades, responsabilidades e, principalmente, o poder. “É preciso entender que mesmo um sócio que seja ‘apenas’ investidor, e que pode nem se envolver no dia a dia do negócio, também será alguém a quem ele, empreendedor, terá de prestar contas e apresentar resultados. E essa mudança pode ser bastante difícil. Tanto a empresa quanto todos os envolvidos precisam de um alto grau de maturidade para encarar esse processo”, diz Ferla.

Em resumo, a escolha do sócio deve levar alguns atributos em consideração para garantir uma parceria equilibrada e produtiva. O ideal é que ele possua conhecimentos técnicos que agreguem valor ao negócio, que tenha um perfil complementar ao do empreendedor e que possibilite convivência harmônica sem grandes contrastes e conflitos.

“É essencial que ambos compartilhem a mesma visão e tenham objetivos alinhados. Boa comunicação, capacidade de liderança e trabalho em equipe também são indispensáveis, além de postura otimista e focada na solução de problemas, já que empreender exige resiliência”, diz Krieger.

Fonte: Pequenas Empresas & Grandes Negócios

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