Economia circular: por que o modelo é o caminho para negócios mais sustentáveis e lucrativos?
Com desafios ambientais e sociais cada vez mais urgentes, como as mudanças climáticas, a escassez de recursos naturais e o acúmulo de resíduos, o mundo empresarial busca alternativas sustentáveis e criativas para enfrentar esses problemas. Entre as principais soluções, destaca-se a economia circular, um modelo que incentiva o reaproveitamento, a reciclagem e a ampliação do ciclo de vida dos recursos.
Segundo dados da ONU e da International Solid Waste, a economia circular pode gerar um ganho de US$108 bilhões para a economia global até 2050. Esse modelo não só representa uma mudança fundamental na forma como consumimos, mas também abre um leque de possibilidades para inovar em produtos e processos.
“Ao contrário do sistema linear tradicional, em que produtos são fabricados, consumidos e descartados, a economia circular promove a ideia de ‘fechar o ciclo’. Empresas que adotam práticas circulares podem reduzir desperdícios, diminuir o uso de matérias-primas e descobrir novas oportunidades de negócios”, explica o CEO da Kwara, plataforma de leilões online, Thiago da Mata.
Estratégia Nacional reforça a importância da circularidade no Brasil
O conceito de economia circular está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU e ganhou ainda mais relevância com o lançamento, em junho do último ano, da Estratégia Nacional de Economia Circular (ENEC) pelo Governo Federal. O documento estabelece diretrizes para o uso eficiente de recursos naturais, redesenho das cadeias produtivas e incentivo à regeneração ambiental.
A implementação da ENEC é um passo significativo para o país, considerando que, atualmente, apenas 4% dos 81,8 milhões de toneladas de resíduos gerados anualmente são reciclados, embora o potencial de reciclagem seja de pelo menos 30%.
Para Thiago da Mata, a ENEC estabelece condições propícias para a adoção de práticas circulares. “Ela promove inovação, dissemina a cultura da reutilização e estimula a capacitação para reduzir, reaproveitar e reprojetar a forma como os produtos são concebidos. Além disso, incentiva o uso racional dos recursos, reduz a geração de resíduos e sugere instrumentos financeiros para apoiar iniciativas circulares, integrando esforços entre diferentes níveis governamentais e a força de trabalho”, analisa.
Circularidade em ação: transformar conceitos em realidade
A economia circular já está transformando a maneira como as empresas operam, inovam e se posicionam no mercado. Por exemplo, bens que antes seriam descartados após retornos de logística reversa agora são tratados como novas fontes de receita por meio de plataformas especializadas, como leilões online ou presenciais.
“Essa prática não apenas reduz o impacto ambiental, mas também proporciona agilidade financeira e eficiência operacional, fundamentais para empresas que buscam lucratividade enquanto fortalecem seus compromissos com as práticas ESG”, comenta Da Mata.
45% dos resíduos passíveis de reaproveitamento são perdidos, gerando um prejuízo estimado em R$14 bilhões
Para empreendedores e empresas que buscam alternativas inteligentes e econômicas, a circularidade econômica oferece oportunidades robustas em ambas as pontas: compra e venda de ativos.
“Muitos itens de alta qualidade, como mobiliário corporativo, equipamentos de tecnologia e veículos, podem ser adquiridos por preços competitivos em leilões ou vendas diretas de empresas que estão renovando seus estoques, ou ainda vendidos para gerar receita extra e otimizar espaço e recursos”, destaca o CEO da Kwara.
A logística reversa, parte essencial desse processo, envolve o retorno de produtos ou materiais ao ciclo produtivo, seja para reutilização, reciclagem ou descarte adequado. Apesar de sua importância, a falta de infraestrutura adequada faz com que cerca de 45% dos resíduos passíveis de reaproveitamento sejam perdidos anualmente no Brasil, gerando um prejuízo estimado em R$14 bilhões, segundo dados da Abrelpe.
Essas práticas sustentáveis não apenas ajudam empresas a reduzir custos operacionais e otimizar recursos, mas também reforçam sua imagem de marca como organizações responsáveis social e ambientalmente. Além disso, a venda de ativos excedentes permite que essas instituições transformem o que seria descartado em fontes de receita, promovendo eficiência financeira e fortalecendo seus compromissos com práticas ESG.
O futuro é circular e estratégico
Para Thiago, mais do que uma tendência, a economia circular é uma estratégia essencial para negócios que desejam se destacar no cenário atual. “Com os recursos naturais cada vez mais escassos, não se trata de 'se' as empresas vão adotar práticas circulares, mas 'quando'. Aqueles que se adaptarem rapidamente estarão à frente no cenário competitivo.”
O futuro pertence às organizações que souberem transformar desafios ambientais em oportunidades de crescimento e inovação. “Adotar a economia circular é um passo decisivo para liderar essa transformação e contribuir para um planeta mais sustentável”, finaliza Thiago da Mata.
Fonte: Contábeis